
Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser só tenho alma Quem tem alma , não tem calma. Quem vê é só o que vê, quem sente não é quem é, atento ao que sou e vejo, torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo, é do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem; Assisto a minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. Porisso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que segue não prevendo. O que passou a esquecer. Noto à mrgem do qu li O que julguei que senti. Releio e digo : Fui eu? Deus sabe, porque o escreveu. Fernando Pessoa na voz de Alberto Caieiro, tomo como minhas palavras e sentimentos...