A face anciã da deusa...



A FACE ANCIÃ DA DEUSA

Há tantas considerações que surgem quando nos deparamos quando a vida nos mostra a sua inevitável face, aquela que normalmente repudiamos exatamente porque nos incomoda – a Morte! E como sempre costumamos fazer com o que nos incomoda, guardamos o assunto naquela caixinha que existe em nossas mentes, aquela de nome “Assuntos para Resolver Depois”, com a velha e desgastada promessa que não cansamos de fazer a nós mesmos: “depois com mais tempo dedico-me a refletir e meditar sobre este assunto”.

E desde que nascemos, sabemos, como única certeza de nossas vidas, é que, um dia, da mesma forma que o nascimento ocorreu, a morte física também ocorrerá.

Mas por que, se temos toda essa certeza, não gostamos muito de tocar neste assunto de forma mais profunda, mais reflexiva, e conseqüentemente, mais realista?

Somos, acima de tudo, espiritualistas, e sabemos que transcendemos a morte física, pois somos imortais em espírito, como os Deuses... mas ainda assim, não tocamos muito no assunto, evitamos raciocinar mais sobre... e então, como ficamos?

Fato é que a morte física não espera. Ao momento chegado, ela vem e pronto! Dá-nos o ultimato de que já é hora de ir embora daqui do mundo material. E tal como uma criança que apela à mãe para deixa-la brincar mais um pouquinho, quando já é hora de se despedir dos amiguinhos e ir dormir, da mesma forma um dia, a Ceifeira nos avisará que já é hora de parar de “brincar” de viver neste mundo. E atravessar em Sua companhia os portais que separam o mundo físico do mundo espiritual.

Alguns fatos de nossas vidas nos fazem refletir mais sobre a morte, seja através da morte de um parente, um amigo, de tragédias... nessas horas, é como se um ‘click’ soasse e sentíssemos que ‘caiu a ficha’. É quando “acordamos” do sonho que teimamos em sonhar continuamente, o sonho da “imortalidade física”, para nos lembrar que, assim como aquele que faleceu, que fez sua transição, nós também um dia passaremos pela mesma experiência – que não será a primeira e nem a última – e também a Ceifeira, ao nosso momento, chegará para nós.

Mas por que, apesar de tanta certeza, ainda “trememos” tanto quando chega este momento? Será que realmente estamos tão espiritualmente preparados assim, tanto quanto pensamos estar? Se por ventura, quando um ente querido faz sua transição de plano, nos perguntamos “por quê?”, a resposta é NÃO! Não estamos preparados para a morte física.

E o que isso pode significar em nosso caminho mágicko?

Significa que ainda temos muito,mas muito mesmo a trabalhar sobre a Ceifeira em nossas vidas. Sobretudo em nós mesmos. Precisamos aceitar este aspecto da Deusa, tão bem quanto aceitamos os aspectos Donzela e Mãe. Então, se há ainda alguma dificuldade em aceitar o evento da morte física, é porque não trabalhamos ainda, ou ainda não completamos o trabalho – e por que não dizer de auto-conhecimento – com a face Anciã da Deusa.

Uma das coisas que nos faz “tremer na base” com relação à morte física refere-se à súbita e drástica lembrança de nosso estado de fragilidade. Somos vulneráveis, extremamente vulneráveis a coisas que aparentemente não nos atingiriam, por serem dimensionalmente ínfimas a nós, evolutivamente falando. Um simples microorganismo, seja qual for sua natureza e classificação, é potencialmente capaz de receber a incumbência de ser nosso Iniciador na transição de plano. Em outras palavras, são potencialmente capazes de nos matar! Até mesmo uma pedra pode ser nossa Iniciadora, num tombo mal dado, entregando-nos às mãos da Ceifeira. Isso sem contar outras possibilidades, desde motivos em conseqüência da violência das cidades e inúmeros outros motivos que nos conduziriam a esta Iniciação.

Neste aspecto, somos levados a refletir sobre o aspecto Humildade. Neste campo, um excelente medidor de nossa humildade é a possibilidade da morte. Isso ocorre porque, se temos dificuldade em aceitar a morte de outrem, utilizando-se a técnica do ‘espelho’, é porque não nos aceitamos ainda como meros mortais vulneráveis e frágeis que somos.

Um comentário excelente a se fazer no que se refere a este item, é citar o exemplo de Iniciação de alguns monges tibetanos, Iniciação esta que dura um determinado tempo (no momento não lembro que monges e nem o tempo de duração desse processo). Quando se chega ao momento de sua Iniciação, são colocados em vasos de cerâmica,onde ali permanecem durante um tempo estabelecido pelo mestre ou pela Ordem. Não podem, durante este período, sair dos potes, em hipótese alguma. Sua alimentação é recebida através da boca do pote,por um monge já iniciado, assim como são recolhidas suas necessidades fisiológicas.

A analogia deste processo iniciatório é evidente: os monges que serão iniciados devem “morrer” para a vida anterior à Iniciação, e para isso são ali colocados para vivenciar novamente o ambiente “intra-uterino”, onde o útero é o pote, e ele, o feto que renascerá para a nova vida. É alimentado tal como ocorre com o feto no útero, através do cordão umbilical. E ali, naquele ambiente de pequenas dimensões, escuro, ele deverá meditar sobre tudo o que viveu, sobre tudo o que aprendeu e, findo este período de confinamento ao qual é submetido, é recebido com grande alegria por todos, pois o processo de saída do pote pelo mesmo lugar que entrou, é análogo ao parto, e então o monge “nasce” para a nova vida.

Portanto, não importa o quão sábio se é, o quão mais poderoso, não importa, pois a Ceifeira chegará para todos nós, mais sábios e menos sábios, mais poderosos ou menos poderosos. Por isso, precisamos viver na filosofia do “um dia de cada vez”, e viver este “um dia de cada vez” em sua plenitude, dando o melhor de nós que pudermos ao mundo e a nós mesmos. Pois como diz o ditado popular, “ninguém sabe o dia de amanhã”. Por isso, deixemos de lado nossos aparatos de sabedoria e de poder, não de forma a abandoná-los, pois seria uma negação da existência, e seria, por isso, uma atitude errada. Mas sim, deixarmos, sempre que necessário, estes aparatos de sabedoria e de poder, temporariamente, da mesma forma que tão sabiamente a Deusa o fez, quando de sua descida ao Submundo, e somente assim pôde Ela tornar-se a Senhora dos Mistérios da Vida e da Morte.

Devemos todos meditar, periodicamente, no mito da Descida da Deusa, como parâmetro de auto-avaliação no caminho religioso. Pois da mesma forma que os outros seres, sejam eles minerais, vegetais, animais, fizeram, fazem e farão sua transição de plano, nós um dia também a faremos. E sinceramente, precisamos estar preparados para este momento, em que iremos receber o beijo da Deusa Anciã em nossas testas, para recebermos de Suas próprias mãos, a Suprema Iniciação.

©Morghana Silkmoon
A FACE ANCIÃ DA DEUSA

Há tantas considerações que surgem quando nos deparamos quando a vida nos mostra a sua inevitável face, aquela que normalmente repudiamos exatamente porque nos incomoda – a Morte! E como sempre costumamos fazer com o que nos incomoda, guardamos o assunto naquela caixinha que existe em nossas mentes, aquela de nome “Assuntos para Resolver Depois”, com a velha e desgastada promessa que não cansamos de fazer a nós mesmos: “depois com mais tempo dedico-me a refletir e meditar sobre este assunto”.

E desde que nascemos, sabemos, como única certeza de nossas vidas, é que, um dia, da mesma forma que o nascimento ocorreu, a morte física também ocorrerá.

Mas por que, se temos toda essa certeza, não gostamos muito de tocar neste assunto de forma mais profunda, mais reflexiva, e conseqüentemente, mais realista?

Somos, acima de tudo, espiritualistas, e sabemos que transcendemos a morte física, pois somos imortais em espírito, como os Deuses... mas ainda assim, não tocamos muito no assunto, evitamos raciocinar mais sobre... e então, como ficamos?

Fato é que a morte física não espera. Ao momento chegado, ela vem e pronto! Dá-nos o ultimato de que já é hora de ir embora daqui do mundo material. E tal como uma criança que apela à mãe para deixa-la brincar mais um pouquinho, quando já é hora de se despedir dos amiguinhos e ir dormir, da mesma forma um dia, a Ceifeira nos avisará que já é hora de parar de “brincar” de viver neste mundo. E atravessar em Sua companhia os portais que separam o mundo físico do mundo espiritual.

Alguns fatos de nossas vidas nos fazem refletir mais sobre a morte, seja através da morte de um parente, um amigo, de tragédias... nessas horas, é como se um ‘click’ soasse e sentíssemos que ‘caiu a ficha’. É quando “acordamos” do sonho que teimamos em sonhar continuamente, o sonho da “imortalidade física”, para nos lembrar que, assim como aquele que faleceu, que fez sua transição, nós também um dia passaremos pela mesma experiência – que não será a primeira e nem a última – e também a Ceifeira, ao nosso momento, chegará para nós.

Mas por que, apesar de tanta certeza, ainda “trememos” tanto quando chega este momento? Será que realmente estamos tão espiritualmente preparados assim, tanto quanto pensamos estar? Se por ventura, quando um ente querido faz sua transição de plano, nos perguntamos “por quê?”, a resposta é NÃO! Não estamos preparados para a morte física.

E o que isso pode significar em nosso caminho mágicko?

Significa que ainda temos muito,mas muito mesmo a trabalhar sobre a Ceifeira em nossas vidas. Sobretudo em nós mesmos. Precisamos aceitar este aspecto da Deusa, tão bem quanto aceitamos os aspectos Donzela e Mãe. Então, se há ainda alguma dificuldade em aceitar o evento da morte física, é porque não trabalhamos ainda, ou ainda não completamos o trabalho – e por que não dizer de auto-conhecimento – com a face Anciã da Deusa.

Uma das coisas que nos faz “tremer na base” com relação à morte física refere-se à súbita e drástica lembrança de nosso estado de fragilidade. Somos vulneráveis, extremamente vulneráveis a coisas que aparentemente não nos atingiriam, por serem dimensionalmente ínfimas a nós, evolutivamente falando. Um simples microorganismo, seja qual for sua natureza e classificação, é potencialmente capaz de receber a incumbência de ser nosso Iniciador na transição de plano. Em outras palavras, são potencialmente capazes de nos matar! Até mesmo uma pedra pode ser nossa Iniciadora, num tombo mal dado, entregando-nos às mãos da Ceifeira. Isso sem contar outras possibilidades, desde motivos em conseqüência da violência das cidades e inúmeros outros motivos que nos conduziriam a esta Iniciação.

Neste aspecto, somos levados a refletir sobre o aspecto Humildade. Neste campo, um excelente medidor de nossa humildade é a possibilidade da morte. Isso ocorre porque, se temos dificuldade em aceitar a morte de outrem, utilizando-se a técnica do ‘espelho’, é porque não nos aceitamos ainda como meros mortais vulneráveis e frágeis que somos.

Um comentário excelente a se fazer no que se refere a este item, é citar o exemplo de Iniciação de alguns monges tibetanos, Iniciação esta que dura um determinado tempo (no momento não lembro que monges e nem o tempo de duração desse processo). Quando se chega ao momento de sua Iniciação, são colocados em vasos de cerâmica,onde ali permanecem durante um tempo estabelecido pelo mestre ou pela Ordem. Não podem, durante este período, sair dos potes, em hipótese alguma. Sua alimentação é recebida através da boca do pote,por um monge já iniciado, assim como são recolhidas suas necessidades fisiológicas.

A analogia deste processo iniciatório é evidente: os monges que serão iniciados devem “morrer” para a vida anterior à Iniciação, e para isso são ali colocados para vivenciar novamente o ambiente “intra-uterino”, onde o útero é o pote, e ele, o feto que renascerá para a nova vida. É alimentado tal como ocorre com o feto no útero, através do cordão umbilical. E ali, naquele ambiente de pequenas dimensões, escuro, ele deverá meditar sobre tudo o que viveu, sobre tudo o que aprendeu e, findo este período de confinamento ao qual é submetido, é recebido com grande alegria por todos, pois o processo de saída do pote pelo mesmo lugar que entrou, é análogo ao parto, e então o monge “nasce” para a nova vida.

Portanto, não importa o quão sábio se é, o quão mais poderoso, não importa, pois a Ceifeira chegará para todos nós, mais sábios e menos sábios, mais poderosos ou menos poderosos. Por isso, precisamos viver na filosofia do “um dia de cada vez”, e viver este “um dia de cada vez” em sua plenitude, dando o melhor de nós que pudermos ao mundo e a nós mesmos. Pois como diz o ditado popular, “ninguém sabe o dia de amanhã”. Por isso, deixemos de lado nossos aparatos de sabedoria e de poder, não de forma a abandoná-los, pois seria uma negação da existência, e seria, por isso, uma atitude errada. Mas sim, deixarmos, sempre que necessário, estes aparatos de sabedoria e de poder, temporariamente, da mesma forma que tão sabiamente a Deusa o fez, quando de sua descida ao Submundo, e somente assim pôde Ela tornar-se a Senhora dos Mistérios da Vida e da Morte.

Devemos todos meditar, periodicamente, no mito da Descida da Deusa, como parâmetro de auto-avaliação no caminho religioso. Pois da mesma forma que os outros seres, sejam eles minerais, vegetais, animais, fizeram, fazem e farão sua transição de plano, nós um dia também a faremos. E sinceramente, precisamos estar preparados para este momento, em que iremos receber o beijo da Deusa Anciã em nossas testas, para recebermos de Suas próprias mãos, a Suprema Iniciação.

©Morghana Silkmoon

Comentários

  1. oi Claudia, vim aqui agradecer por ter compartilhado esse meu texto. Grande abraço e que os Deuses abençoem vc sempre :)

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